2012

23.12.11 - 8 Respostas

Apropriando-me do Cristovão Tezza: todas as forças estão reunidas pra que 2012 amanheça.

Bora.

eletric funeral

01.12.11 - 12 Respostas

.: Aos meus olhos, há algo de fascinante e convidativo no ambientalismo; esse algo é o princípio participativo que historicamente formatou as bases do movimento. Isso tende a aparecer mesmo nas políticas públicas e nos órgãos responsáveis pelas questões ambientais, quero dizer, a governança de meio ambiente se estruturou de maneira participativa. Registro, apenas como exemplo brasileiro, os comitês de bacia hidrográfica, onde a sociedade civil tem poder de voto sobre o uso das águas ao longo de toda a extensão da bacia gerenciada, a despeito das fronteiras políticas estaduais. Esse modelo de organização difere completamente dos que regem as políticas energéticas, de mineração, econômicas, agrárias, etc, nenhum desses setores demonstra esforços em criar fóruns participativos semelhantes. Este modelo de tomada de decisões é interessante em si, e, para além disso, eu o considero coerente e adequado aos objetivos que o movimento ambientalista se arrogou.

.: Uma das críticas mais levianamente formuladas a respeito do ambientalismo é a de que seus militantes comportam-se como santuaristas; para dizer uma besteira dessas é preciso negligenciar diversos aspectos do ambientalismo, de sua história até sua necessidade no mundo contemporâneo. Se, em suas origens, a ideia de preservação visava excluir qualquer elemento humano de grandes áreas naturais, isso se devia a um princípio de incerteza a respeito do funcionamento e a necessidade de existência das partes de um ambiente e das consequências das atividades humanas sobre elas. O século XX viu, pouco a pouco, as incertezas se transformarem em dados concretos, verificáveis, que nos diziam que se “quebrarmos” cada um dos ecossistemas nós inviabilizaremos nossa própria forma de existir, na medida em que nossa forma de existir depende de serviços prestados pelos ecossistemas que estão, justamente, sendo desestruturados e descaracterizados.
Aliás, a mera formulação “serviços prestados pelo ambiente”, ou “serviços ambientais”,  é a demonstração prática das mudanças conceituais e motivacionais do ambientalismo ao longo das décadas – já existem projetos de lei prevendo remuneração àqueles que garantem preservação de um determinado serviço ambiental importante para a comunidade, eis a economia passando a enxergar monetariamente os efeitos positivos dos ecossistemas. Desse ponto de vista, chega a ser irônico que o movimento ambientalista tenha adquirido cores tão utilitárias e antropocêntricas se comparado a suas origens; e é duplamente irônico que ele seja, hoje, acusado de antagonizar a existência humana à “Natureza” – como se fosse recriminável, em si, que nós quiséssemos deixar livres do nosso alcance algumas áreas neste planeta.

.: No ponto em que chegamos, basicamente o que faz o ambientalista é priorizar critérios ambientais no momento de uma tomada de decisão como construir Belo Monte, enquanto seu avesso, ou seja, o PCdoB “não-ambientalista”, aparta essa dimensão por completo.  Esses critérios ambientais, aliás, visam muito mais frequentemente a sobrevivência e garantia da qualidade de vida de pessoas a médio e longo prazo (um tipo específico de pessoas, na verdade) do que a exclusiva preservação desta ou daquela espécie de animal ou planta ou rio.
Geralmente, ao considerarmos barragens, indústrias, estradas, desapropriações, códigos florestais, entra na equação o sacrifício de alguns indivíduos em nome do coletivo, ou a lógica os fins justificam os meios, que serviu bem a regimes autoritários e ditatoriais – e as violências desses regimes já nos mostraram que o risco que se corre é que, sob um aspecto ou outro, todos os indivíduos sejam sacrificados em nome de um coletivo abstrato. Em termos bem cínicos: se você não for um dos índios cuja vida será atravessada e impossibilitada a curtíssimo prazo em nome de um programa energético discutível, provavelmente viverá o bastante para ver os centros urbanos explodirem com refugiados ambientais, e ver minar a qualidade do ar, dos alimentos, e a abundância da água potável, etc.

.: Eu dizia que um esquema de funcionamento democrático e participativo é coerente com os objetivos atuais do ambientalismo, e o motivo é este: as pessoas que eventualmente seriam sacrificadas em nome de um “bem maior” tem presença e poder de voz, eventualmente até voto, nos fóruns onde seu próprio “sacrifício” será considerado e decidido. Só que um imenso porém deve ser posto aqui. O governo, a despeito de sua própria legislação, tem atropelado todos os processos que, baseados nestes princípios democráticos e participativos, garantem o equilíbrio ambiental. A rigor, é no licenciamento de uma obra que as questões de segurança, saúde, preservação econômica e cultural das comunidades afetadas deveriam ser levadas em conta. Assim, depois de apresentados os efeitos positivos e os colaterais de um empreendimento qualquer, a sociedade pode escolher arcar com este conjunto de consequências, para o bem e para o mal, de acordo com suas prioridades e necessidades. E contudo, é imprescindível que os órgãos ambientais conduzam o debate de modo que, no centro de tudo, estejam de fato os benefícios e impactos esperados para a sociedade e não os interesses do empreendedor. Mas estes são tempos confusos em que o lucro do empreendedor virou sinônimo de benefício social, e o progresso, o mais equino e nacionalista desde os melhores dias das ceroulas do Costa e Silva, tem ignorado qualquer objeção dos ambientalistas, mesmo os mais pragmáticos. Não encontro outra maneira de caracterizar a subtração de peso às vozes dos índios senão como atrofia do tal caráter democrático e participativo que deveria reger não apenas o licenciamento das obras, mas o projeto de um governo de esquerda. É demagógico um governo que faz audiências públicas, registra manifestações contrárias dentro e fora dos mecanismos formais de debate e acaba fazendo basicamente a mesma coisa que faria se não tivesse consultado nenhum setor da sociedade civil. Aliás, passamos há muito o limite da demagogia e andamos, atualmente, na via do deboche escancarado, esquina com cagamos pros direitos humanos (também conhecida como índio é elemento decorativo, eu ponho onde eu quero).

.: A ameaça de futuros apagões, além de mal colocada, flerta com um jeitinho terrorista de governar; não vai nos faltar energia, é a demanda por consumo que vai aumentar porque está no plano econômico aumentar a produção industrial. É o progresso, novamente, que leva a toque de caixa uma postura ambientalmente suicida. Em algum momento as fontes serão esgotadas, ou nós teremos um país saturado com os efeitos colaterais aceitos em nome de pretensos e intermináveis benefícios. Todos os rios estão sendo assoreados, as florestas estão sendo substituídas por pastagens, soja e bacias de inundação, todos os estoques pesqueiros estão sendo destruídos por excesso de barragens e agrotóxicos, as vazões estão sendo normalizadas à revelia da necessidade dos ecossistemas que elas variem, etc etc etc. As objeções são muitas, e são técnicas. Acho fundamental, inclusive, que biólogos, ambientalistas, líderes comunitários, cidadãos, enfim, que as pessoas que estão tentando questionar os métodos escolhidos para viabilizar o crescimento exponencialmente acelerado apresentem argumentos e linguagem técnica. Mas há algo que se perde nesse embate com a objetividade de engenheiro, que é a concessão ao pragmatismo como modelo de otimização da nossa existência, ou como diz um biólogo que eu amo, o que se perde é a poesia de floresteiros.
Vejo com desconfiança, por exemplo, o surgimento de medidas que tornem os ecossistemas sinônimo de “serviços ambientais”, como um tipo de commodity. Pretere-se, com isso, as críticas necessárias às nossas inclinações utilitárias, nossa repulsa por espaços “inúteis”, nossa versão meio alucinada da busca por “espaços vitais”, se me é permitido fazer tal provocação. Essa sustentabilidade de futuro empregado da Odebrecht reivindica e consolida nosso direito auto-conferido de ocupar tudo, substituir tudo, transformar qualquer espaço e autoritariamente realocar qualquer comunidade que obstrua o desenvolvimento glorioso da civilização. Há algo de errado em não destruir apenas aquilo que coincide de nos servir; o problema com o pragmatismo, mesmo o mais bem intencionado, o mais ecologicamente consciente, é que ele não dá conta de que as coisas vivam por si, que sejam neutras e sejam deixadas onde estão e como estão, simplesmente porque podem, e devem poder, existir.

ensaio de 10 linhas

28.11.11 - 3 Respostas

.: Uma coisa que aquele professor fazia e eu adorava, era os ensaios de 10 linhas. Nem mais, nem menos. Havia sempre um ponto de start. Ele dava uma palavra. Translúcido, por exemplo. Ou então ele lia um poema, um conto, mostrava algum vídeo. E depois lia os melhores ensaios na sala. No começo, as pessoas se ocupavam em definir a palavra que ele dava. E passavam 10 linhas definindo. Ou descrevendo, quando era um objeto. Depois a maioria começou a redigir breves opiniões. E ele sempre dizia que estava ruim e não era isso que ele queria. Era um inferno, e obrigava a gente a pensar a forma, manipular a linguagem para não sair reproduzindo o óbvio, o imediato, o mínimo. Ao longo do curso, os alunos iam aprimorando a forma e tendiam ao poético, ao novo, ao singular. Das melhores lições que eu já tive.

.: Uma vez, ele leu esse texto como disparador:

Ela disse que a venda negra nos olhos até o tornava atraente, misterioso. Ele estava completamente bêbado e falou que as pessoas precisam se conhecer até o fundo. Arrancando o olho de vidro, jogou-o dentro da laranjada dela. Disse que se ela bebesse com o olho dentro do copo, ele ficaria apaixonado para sempre. Ela bebeu.

Romeu e Julieta in Minificções, de Sérgio Sant’Anna

E a Fli escreveu isso:

Escura, sombria, queda de Massada, carne suja e fria. Vida, outra, ida, passada. Água pobre, escorre, se esfrega devagar e corre, lamenta e morre. Conhaque? Primeiro, a que desafiou todas as minhas certezas. Horas? Olha a lua. Olha como a lua está inexplicável hoje. Como era aquela palavra tão bonita? Era… Inefável. Inefável está a lua hoje. Agora, tu, minha dúvida. A venda? É um hábito, coloco pra todo mundo. Mas nunca me disseram que fazia diferença. Achas mesmo? Já te pedi tantas e tantas vezes que partisses desta casa instável que não se cansa de pulsar por uma vida à toa, mas és insistente, sempre insistente, como no dia em que nos conhecemos. Não era verde, era azul. E aqui comigo, sempre a dúvida. Viva-me, então. Podes? Beba-me, e fica tudo certo. Está tudo cer……………………………………………………………………

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.: Sou encantada por esse texto dela desde sempre, em tão delicada combinação com o do Sant’Anna. Nem sei se aqui no blog dão as 10 linhas, mas na folha de fichário em que ela escreveu, dava.

tributo à festa da nokia

08.11.11 - 19 Respostas
.: O crusp, conjunto residencial da usp, foi construído para alojar atletas que vieram participar de um panamericano, faz quase 50 anos, isso. Depois do tal evento, aqueles prédios mostraram-se obsoletos e foram, assim, ocupados por alunos. Sei que durante um tempo a gestão daquele espaço foi feita inteiramente pelos estudantes-moradores. Quando a coseas, que hoje é o órgão responsável pelas políticas de auxílio estudantil, foi criada, o argumento era que as vagas não estavam sendo adequadamente distribuídas e que a autogestão era leniente com não-alunos que moravam lá imerecidamente.
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.: Em 2000, um grupo de aproximadamente 20 alunos ficou de fora da seleção de vagas da coseas. Oriundos, todos eles, de cidades do interior e sem condições de pagar pensão ou aluguel, arrombaram o térreo de um dos prédios – justo o de um destinado exclusivamente a pós-graduandos – e transformaram em alojamento as duas grandes salas e dois vestiários que então constituíam um depósito. O alojamento do crusp, conseguido, portanto, a base de ocupação, em 2001 pôde abrigar, em seu auge, 70 alunos. Eu mesma, entre eles. Devo dizer que uma das experiências mais enriquecedoras que tive, nos meus anos de graduação, se deve a esse espaço e grupo de estudantes. Se 2000 foi o ano da ocupação, 2001 foi o ano da queda de braço com a coseas. A política do alojamento era de acolher qualquer aluno que precisasse de um canto pra dormir, tomar banho e guardar as roupas, foi assim, inclusive, que chegamos à lotação de 70 pessoas ali. As assistentes sociais e os alunos de pós consideravam aquela apropriação do espaço indevida, como consideravam inadequados o convívio e organização daquele número crescente de estudantes (além disso, nossas festas eram reconhecidamente as melhores do crusp). Em 2002, com todos os ex-alojados distribuídos em apartamentos, o espaço foi reformado e passou a conter pouco mais de 20 vagas, então gerenciadas pela burocracia e critérios questionáveis das assistentes sociais.
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.: Eu ainda morava no alojamento, naquela semana em que tiraram as esculturas do gramado da frente do mac, o museu que fica ao lado do crusp. A gente descobriu que se tratava de uma festa patrocinada pela nokia quando começaram a instalar a decoração. Naquele dia eu fui pra biblioteca, lá pelas 18h, e vi uma cama elástica ser posicionada ao lado dos canhões de luz, como vi uns 5 colegas de alojamento sentadinhos na calçada, observando a movimentação na frente do mac. Às 21h, quando voltei, já não eram 5, mas uns 15 ou 20 estudantes ali agrupados. E lá pelas 23h, enquanto eu falava com meus pais pelo orelhão, ouvi alguém gritar “COMIDAAAA”. Olhei pro corredor que liga os prédios do crusp e vi um cara correndo com uma torta na mão. Outros gritos e palavras de ordem, agora de “queremos caviar”, “fora faap”, “a festa é de quem quiser, quem vier” etc. A festa da nokia aparentemente mal tinha começado, o staff estava lá, uns alunos da faap, que fariam apresentações artísticas, também, uns poucos convidados chegaram e agora eles estavam todos dentro do mac, acuados, enquanto dezenas de estudantes comiam maçãs verdes e espetinhos de muzzarela de búfala, tomavam champagne e pulavam na cama elástica. Os garçons que não se refugiaram no mac serviram salgadinhos aos estudantes como se convidados fossem, chegaram mesmo a rir. Depois de um tempo, os verdadeiros convidados saíram, protegidos por um cordão de isolamento feito pelos seguranças, enquanto gritavam “maloqueiros”, “mortos de fome”, etc. O que não foi consumido acabou sendo carregado para os apartamentos e, claro, o alojamento – e foi assim que eu passei uma semana levando maçã verde pra comer no intervalo das aulas, até enjoar de maçã verde.
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.: Acho louvável que as pessoas se preocupem com a preservação do patrimônio público, com a segurança dos alunos, com a manutenção de um ambiente adequado ao ensino e pesquisa na sua maior e melhor universidade. Eu, 10 anos mais velha, percebo certas reivindicações e atos dos quais participei com outros olhos, com um pouco de indulgência, alguma reprovação até. Mas também acho que esses outros olhos, mais maduros e menos extremistas, dependeram muito dessa postura “foda-se a nokia, a universidade é pública, a festa é nossa” dos meus 17 anos. E penso, aliás, que cada uma das ocupações e greves de que fiz parte não apenas foram importantes para a minha formação política, como acrescentaram, de alguma forma, algo para universidade da qual fui aluna e pesquisadora. Diversas críticas e ressalvas eu teria a fazer sobre as ações e discursos do movimento estudantil, mas o pragmatismo que se cobra dele em relação à polícia militar, hoje, é o mesmo pragmatismo incapaz de oferecer o tipo de soluções e possibilidades que o próprio movimento estudantil já conquistou. Pois, convenhamos, se ocupações e greves garantiram a existência de uma moradia estudantil que atende, atualmente, mais de 1200 alunos, garantiram abertura de vagas para docentes e pesquisadores, melhorias e ampliação de prédios, salas de aula, bibliotecas, extensão de benefícios e políticas de auxílio a estudantes, se é assim que os alunos têm conseguido manter aberto o debate público sobre tantos aspectos das nossas universidades, acho que dá pra dizer que essas greves e ocupações, em que pesem todas as suas consequências negativas e medidas censuráveis, ainda nos causam mais bem do que mal.
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.: Porra, Pondé.

sex-positivity

07.11.11 - 6 Respostas

Sex-positivity é a idéia de que a única medida relevante de um ato, prática ou desejo sexual em particular é a de como o consentimento, o prazer e o bem-estar dos participantes são levados em conta.

(…) Mesmo pessoas que tenham poucos sentimentos ruins sobre sua própria sexualidade ainda podem ter sentimentos ruins sobre as práticas e desejos sexuais de outras pessoas. É fácil dizer que você acha sexo bom. É muito mais difícil honrar, valorizar e celebrar a sexualidade de alguém quando você a acha desafiadora, confusa ou perturbadora. E, até onde eu sei, já vi bastante feministas (e não-feministas) me julgarem ou tentarem me envergonhar por minha sexualidade por conta de suas próprias questões com isso (…)

Então de muitas formas eu concordo (…) que o feminismo pode estar muito bem alinhado com positividade sexual. Mas ele desliza nos momentos em que as pessoas arrogantemente julgam outras e no uso da vergonha e da repulsa para tentar convencer pessoas, ambas formas infelizmente comuns em discussões com feministas, na minha experiência. Esses são mecanismos de erotofobia e acredito que essa é uma grande razão pela qual algumas pessoas igualam feminismo com negatividade sexual. Tenho dificuldade em imaginar como alguém poderia criar um conjunto realmente libertador de éticas sexuais se está empregando ferramentas que criam e reforçam a vergonha do sexo.

– Robert Jensen Doesn’t Understand Sex-Positivity

.: Adoro esse excerto. E ele veio daqui.

.: Me ocorre também que um movimento sex-positivity não pretende trabalhar a favor apenas de atos, práticas e desejos sexuais que, tradicionalmente, têm estado numa situação de marginalidade e repressão; a sexualidade a ser positivada, validada e viabilizada, é também a esfera onde repousam pequenos atos que projetam sua identidade de gênero: o modo como você se relaciona com seu corpo e as inúmeras formas de sentir-se bem com e em relação a ele, as maneiras de expô-lo, os acessórios e vestimentas que você escolhe usar, os gestos que você executa, suas idiossincrasias, seus mitos particulares…

.: Não é incômodo e desconcertante que as mulheres de um país sejam incentivadas a barganhar com o próprio corpo, a usar sexo como compensação para conter uma violência e garantir sua segurança? Nós, aqui, tomaremos uma postura crítica em relação a isso, e manteremos a desconfiança quanto às escolhas, por vezes demagógicas, do Nobel da Paz? (o quê, você achou que eu tava falando da Gisele Bündchen na campanha da Hope?)

.: E uma indicação que vem bem a calhar (duas, porque eu andei relapsa nos links de putaria): My nervous mind e Ambidextrously Erotic.