.: Era um alemão que veio passar um ano aqui no Brasil. Passados oito meses, ele ainda não tinha aproveitado a estadia o tanto que pensava que poderia aproveitar. Quando a gente se conheceu, ele pediu, expressamente e arranhando um português razoável, pra ser apresentado à noite paulistana. Entre as minhas amigas a ideia de ciceronear um gringo na balada foi recebida com bom humor e excitação; infelizmente, nada disso sobreviveu muito à primeira impressão. Ou, talvez, nossa latinidade tivesse potencializado as expectativas e a vontade de falar, olhar, tocar, conhecer. Nada mais frustrante do que um objeto de curiosidade que não se quer examinado, pelo menos essa é a explicação que eu dou pro desapontamento delas logo no início da noite, enquanto terminávamos de nos reunir. O rapaz era arredio demais, truncado demais, desligado demais.
Na porta do lugar, as meninas já nem lembravam do gringo bonitinho, havia mais no que se concentrar. E lá dentro, cada uma pede seu bom drink. Ele, não. “Você não toma nada?” Ele respondeu com a maior naturalidade: “não posso, quando eu bebo eu fico irresistível.” O susto. Entreolhamo-nos. “Fica o quê?” “Irresistível.” A verdade é que a frase – cheia de audácia ou ironia – parecia não ter nada a ver com quem a pronunciava. E tanto a gente duvidou que o alemão quisesse dizer o que estava dizendo, ele se meteu a explicar: “Fico irresistível, eu falo alto, danço, eu faço coisas que não devia, que ninguém pode aguentar.” “Você quis dizer que fica… insuportável?” “Isso.” Revirar de olhos.
.: Mas insistimos e ele acabou pegando uma caipirinha, e outra, e outras, soltou-se, parecia curtir mais a balada, achou até de dar uns beijos na Val num dos cantos. Não é que, afinal, ficava mesmo irresistível quando bebia?!
Genial.
gostei muito da ilustração, adoro Carybé.
E me lembrei de um holandês que levei pra dançar forró, o que ele fazia bem, para minha surpresa.
Depois de tomar aquelas gororobas que vendem por lá, ouvi-lo falar das estrelas em holandês foi….”insuportável”.
insuportável né? hehehe ;)
eu adoro o carybé tb. semana passada postei outra dele no tumblr.
[…] Aline, do sempre excelente Esperando Godot (pena que anda escrevendo pouco) conta um causo divertido de lost in translation. […]
Eu lembrei de um causo. Um Françuca que morava na minha casa, tinha uma amiga que conheceu os pais dele na frança. Aí ele foi jantar na casa dos paises dela, e disse que os pais dele gostaram muito dela e acharam ela muito gostosa!
Em casa nós falávamos muito que a comida era gostosa, pra dizer que era legal. Ele achou que podia usar pra mulheres!
hahahahahaha
adoooro
Deus cometeu um ato falho, hehehe.
hahahaha
ai esses atos falhos dos gringos. a língua estranha é realmente uma delícia! :P