.: Sempre gostei do mês de maio. De todos os 12, o nome mais bonito, mais sonoro, você inspira o ar de leve, pronuncia esse farto encontro vocálico e pronto, falou. Essa palavra curtinha, cheia de letras redondas. Maio ainda tem a sorte de vir depois de abril, que é o nome mais ruidoso e capenga de todos. E vem antes de junho, que além de ser fanho, nada mais é do que uma cinzenta e modorrenta sala de espera para as férias de julho. Várias pessoas fundamentais nasceram em maio: minha mãe, meu marido, vários bons amigos, minha orientadora até. Então é o mês cheio de escolher presentes, fazer surpresas, escrever mensagens, marcar boteco, todas essas coisas às quais eu dedico tempo e entusiasmo. É um mês que passa rápido e agradavelmente, na maioria dos anos. Maio é imbatível no meu calendário.
Cepacol fazia aniversário em maio. Em algum dia entre o dia 6 da Ísis e o 21 da Cecilia. Todo ano eu me lembro, e tal. Esse ano eu esqueci. Não apenas passou em branco na época, como ainda não consigo lembrar o dia exato. Talvez 8, talvez 18, ou 17. Fiquei dois dias cismando com o 13, depois o 16. O número não vem. Não que faça muita diferença, aqui onde a vida é prática e o luto discreto. Meu medo, porém, sempre foi esse: começar a esquecer até que um dia minha memória se apoie em um punhado de histórias ralas e aquela toada de saudade meio monótona. Quem se perdoa por esquecimento semelhante?
.: Minha caixa de cartas e fotos antigas não me deu a pista necessária, além de me fazer lembrar que eu perdi várias fotos recentes dele quando a placa mãe do computador queimou. Um desastre nessa liturgia pessoal minha. Então eu achei uma coisa, cuja história eu quero contar e por isso estamos aqui, você e eu:
Teve uma festa organizada pelos alunos veteranos da escola onde nos conhecemos. Para nós, os bixos, era a primeira festa e etc. Era uma festa brega. Eu e mais duas amigas, crendo no rigor do tema, fomos vestidas da pior maneira possível. Ninguém mais. Os primeiros minutos foram bem desconfortáveis, asseguro. Enfim, minha turma estava praticamente toda lá e acabou sendo bem legal. E o Cepacol tomou um porre e ficou passando mal do lado de fora. E por causa disso eu e mais uns amigos ficamos lá com ele, tirando sarro e fazendo-o comer alguma coisa doce. Um sorvete Frutilli de maçã verde, que alguém comprou num boteco próximo. O assunto na segunda-feira, claro, passou pelos nossos trajes ridículos e o porre dele. Ele ganhou fama de bêbado, mas abriu um pouco a guarda e se enturmou mais. Sei que muitas vezes eu o pilhava por ele ser tranqueira e ter dado trabalho naquela noite. Mas só pelo gosto de fazer graça, mesmo. Um dia ele me trouxe a tampa recortada da caixa do whisky que tinha tomado. Nela, escreveu um “te adoro”, assinou como “seu bêbado preferido” e fez um ps em inglês (em inglês porque me irritava): thanks to save my life.
.: Então. Foi esse pedaço de papel que eu achei no meio das minhas velharias. A data do bilhete: maio de 1998. Maio é imbatível no meu calendário.
Post não muito propício para o mês em que nos encontramos…
Amei o seu blog. Mesmo. Se pudesse me dar umas indicações de bons livros eu agradeceria muito e acataria!
mas justamente. esse post só existe porque maio acabou antes de eu lembrar.
ah, brigada :)
(bons livros? difícil, eu não sei do que vc gosta…)
ôoo Aline,
também faço aniversário em maio, dia 27. E o mês passou que eu nem vi também. E Cepacol , lindo post que vc escreveu sobre ele, ainda me lembro.
Bjk
Há, olha só! Essa regrinha não falha pra mim. Nunca conheci uma pessoa que tivesse nascido em maio que não fosse querida :)
Ah, o Cepacol foi um amigo muito importante. Gosto de escrever sobre ele, de vez em quando, pra registrar mesmo. Meu jeito de homenagea-lo.
um beijo, madoka
Eu tenho um amigo que fez a mesma escolha do Cepacol.
Até hoje eu me lembro dele na minha casa, irreverente, tirando uma com a cara de todo mundo – até do meu pai! E olha que o coroa era duro na queda, mas dava umas risadas com o Sandro.
O nome dele era Sandro. E fazia aniversário em Novembro, 20.
ai, que foda.
Oi, Aline. A Iara mandou, eu vim. E vou voltar. Tão bom, vontade de ficar lendo. Prazer!
…
Meu filho nasceu em 05/05/05. Eu também gosto dele pra caramba. :o)
Bjs,
Rita
oi Rita
bacana que vc gostou, seja bem vinda =)
maio, amor, amar
acho que são parentes…
bjotas
hahaha que doçura =)
beijos, querido
Ô, saudade… de você, da festa brega, da Federal, do Cepacol.
ah, nem me fale. dele, então. nossa.